Jamily Wernke Meurer


07 de maio de 2020

Sejam quais forem as expectativas em cima de uma modelo internacional, Jamily indiretamente vai contra. Numa conversa totalmente informal, ela me conta que nunca se sentiu vaidosa ou que teve interesse pelo mundo fashion, até entrar de cabeça nesse universo.

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Texto Miranda Luz 
Fotografia Tabatini/Alcaide via Zoom
Motion Design Gabriela Lopes


Apesar de ter ingressado ainda muito nova no mercado (com 15 anos), hoje ela diz que, sem dúvidas, preferiria ter começado mais tarde, talvez por não sentir que aproveitou ou compreendeu o momento que vivia. A top nacional debutou sua primeira semana de moda em Paris, desfilando para nomes como YSL, Chanel, Miu Miu, Chloé, entre outros gigantes da alta costura, dando assim início à uma carreira promissora, mas que não se resume somente em pontos altos.

Quando perguntei sobre o início da carreira, ela disse ter passado por um momento de reflexão, onde se viu presa por uma agência, que por não ter dado continuidade a sua carreira naquele momento, gerou ansiedades, aumento de peso, além de relatar que se sentia sozinha em Paris, longe da família e amigos. Segundo ela, esse foi o momento mais difícil desses anos de desenvolvimento.
Sempre em contato com os agentes, ela conta que deixa bem claro suas opiniões e posicionamentos. Ela prefere estar em shows que se identifique verdadeiramente e que agreguem a sua carreira, prezando qualidade à quantidade.

Levando em consideração o tempo e esforço para estar na posição profissional onde se encontra, a model diz que segue a mesma, apesar do desenvolvimento, mantendo sua essência antes de tudo e evitando o que não fosse natural pra ela. Sem dieta específica, ela prefere uma alimentação caseira, mais natural e sem fast/trash food. Quando questionada sobre qual seria a sua persona íntima, ela me responde que se considera uma pessoa tranquila e familiar, com um apreço grande por animais, pela natureza, e diálogos com pessoa mais velhas. “Uma pessoa de verdade”, como ela diz.


Quando pergunto sobre prospecções de futuro para um melhor mercado de moda, Jamily assume a fala de que as marcas precisam ser mais realistas e pensar além do ecologicamente correto, como por exemplo enxergar a necessidade de diminuir o número das coleções anualmente, que geram desgaste e descarte em massa de uma série de materiais e profissionais.

Ela espera que no futuro a diversidade no meio da moda tenha mais fluidez e que a indústria não se prenda a padrões estéticos. Sua principal crítica é que muitas vezes o mercado acaba sendo inviável para a maioria da população, se limitando a bolhas elitistas e que falta uma mudança real, espontânea e efetiva. Ela acredita que as mudanças virão pós pandemia, e o momento que estamos trará novas visões sobre o mundo, e destaca que deveríamos aproveitar esse momento de slow-down para voltar a valorizar as pessoas.


No final, ela deixa um conselho para as new faces brasileiras, dizendo com certeza e propriedade, que ser resiliente foi o seu segredo. “Ser a primeira em um casting não é motivo de vergonha” - diz ela, “estou sempre atenta a todos os detalhes, seja de styling ou beleza. Acho que fazer um pouco de tudo é um diferencial muito útil.” E diz acreditar que carreiras longas são construídas com autenticidade e estética própria. “A essência é fundamental”.






E como boa indie girl, que foge das modinhas, ela nos presenteia com o convite à ingressarmos no universo pessoal dela, através de sua playlist pessoal, nas quais ela mixa seus estilos favoritos que vão de rock 80’s, soft rock, melancolias e new wave. (https://spoti.fi/37yxLks). E como uma entusiasta de estilos ligados a terror psicológico, suspense e drama, ela nos recomenda a série THE SINNER, disponível na Netflix.
Conheça mais o trabalho de Jamily aqui