Vermelho Doméstico


08 de abril de 2020

Relações de gênero são exploradas e tensionadas a partir das criações femininas de Marcelo Von Trapp.


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Texto Bruno Mendonça
Fotografia Rafael Barion
Assistência de foto Gustavo Barros e Vinícius Correa
Vídeo Phill Cardelli
Edição de vídeo Dacio Pinheiro
Styling Thiago Ferraz
Produção de moda Gabriel Fabosa
Looks VonTrapp
Beleza Marilio Bitarello
Casting Bill Macintyre
Assistência de casting Iris Zabatela
Produção executiva Octavio Duarte
Assistência de produção Patrick Ferreira
Camareira Vilma Guerre




O pesquisador peruano Miguel Lopez escreve no ano de 2015 sobre a noção de “Aliança de Corpos Vulneráveis” tomando os feminismos (no plural) como um campo interseccional importante nos processos políticos. Ele coloca:


“[...] Os feminismos mudam nossa forma de estar no mundo, alteram nossa linguagem, afetam nossa relação com os outros corpos, subvertem as maneiras de escrever a história. Os feminismos estão sempre associados ao desejo, porque seu papel é redefinir radicalmente nosso horizonte de ação e compromisso; eles nos dizem que a vida é sempre uma vida compartilhada, que estamos sempre ligados uns aos outros. Os feminismos são uma política do afeto, da generosidade, da coletivização dos recursos e da resistência coletiva. Os feminismos reinventam o alcance do pronome nós. Os feminismos são uma ética que nos ajuda a sonhar histórias diferentes; relações sociais sem hierarquias, corpos sem rótulos, novas coreografias amorosas, modelos alternativos de família, um contrato social mais igualitário entre espécies, a abolição dos papéis sexuais preestabelecidos, uma nova economia do cuidado. Sua luta é pela legitimidade de viver a dissidência, e pelo direito de não ser perseguidas, censuradas ou assassinadas por isso. Os feminismos nos lembram de que somos vulneráveis: estamos expostas a sentir dor, a sofrer decepções, a ficar doentes, a perder o controle de nossas emoções, a sermos feridas, a ter de deixar as pessoas que amamos ir embora.”


No excerto acima conseguimos observar uma estratégia de Miguel Lopez – escrever no feminino como uma forma de dar conta de todas as performatividades que dialogam com os feminismos, incluindo o que ele chamará de ativismo bicha.
Essa postura interseccional é o que guiou de certa forma esse projeto, ou seja, como os feminismos podem propor uma revisão sobre a construção da masculinidade? Colocar a masculinidade dentro da equação e não fora é uma forma de pensar a sua própria construção.


As teorias interseccionais são passíveis de crítica como qualquer outra, mas elas nos ajudam a pensar sobre posturas que replicam ethos da heteronormatividade mesmo dentro do universo LGBTQIA+.


Sendo assim, enquanto bichas como lidamos com a potência do feminino? Como nos relacionamos com os feminismos? Que pactos fazemos com o sensível para não reproduzir uma masculinidade tal qual da heteronormatividade? Como transpomos e evoluímos memórias arquetípicas? Ou seja, como não romantizamos, objetificamos ou reproduzimos a cultura de exotismo em relação à mulher? Como complexificar os esconderijos psicanalíticos vividos na infância como andar de salto alto escondido? A criança viada precisa crescer e entender essas narrativas, ou seja, continuando viada sim, mas ressignificando esse feminino, retrabalhando seu deslumbre tóxico.


Porém, é esse mesmo feminino ou feminismos como coloca Lopez que nos salva desde a infância das figuras masculinas problemáticas e da náusea que sentimos do seu perfume.












 












      







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